Olhar diferenciado

11/10/2023

“Como professora de escolas de localidades rurais, passei a ter a percepção de que é importante um olhar diferenciado para as crianças e adolescentes do interior e sempre busquei inserir isso nas minhas práticas pedagógicas. E, ao participar do Programa Boas Práticas de Empreendedorismo para Educação, veio novas contribuições, me ajudando não só a pensar em como melhorar as aulas, mas em maneiras estimulantes, divertidas e criativas de fazer isso. Foi interessante também no trabalho com os demais professores porque trouxe a perspectiva de trabalho interdisciplinar, onde nós temos um mesmo tema e cada um trabalha dentro da sua disciplina.

Como educadores, é necessário estarmos atentos não só em relação à diferença entre os jovens do campo e da zona urbana, mas também entre as diferentes realidades da zona rural. Por exemplo, em São Lourenço do Sul numa das escolas que eu trabalho os jovens são filhos de pequenos produtores rurais e têm suas terras, sua renda, estão lá há bastante tempo e tendem ser sucessores. Já noutra escola onde atuo, alguns dos jovens vivem em quilombo e outros são filhos de empregados de lavouras de soja e de arroz. Esses não têm terras e as famílias mudam-se frequentemente e, por isso, as perspectivas são diferentes. E pensar em empreendedorismo para todos os casos é bastante importante porque são realidades diferentes. A gente tem que ajudá-los, através do conhecimento que estão adquirindo na escola, a pensar o que fazer, onde e como. É importante enxergar o aluno, a realidade, as necessidades, as especificidades do seu espaço e também pensar em como instrumentalizá-lo da melhor maneira possível para quando ele não estiver mais na escola.

Entre os meus alunos da escola Sady Hammes, a preocupação deles é grande, principalmente no 9º ano, com relação ao que fazer no próximo ano, onde estudar, como seguir os estudos de maneira que possam dar continuidade aos seus projetos. O programa de boas práticas para o empreendedorismo que desenvolvemos na escola contribuiu para trabalhar com eles algo a respeito disso, das habilidades, competências, capacidades, pontos fracos e fortes, e como usar isso para empreender, como ver nisso capacidade de crescimento. Foi muito interessante porque alguns deles, mesmo ainda muito jovens, já começaram a pensar em projetos de vida de uma maneira crítica para a realidade deles. Independente de os planos se concretizarem, pelo menos, eles percebem que existem possibilidades, que eles podem buscar espaços para estarem atuando e se desenvolvendo. Um programa como esse de Boas Práticas é muito importante e, se possível, deveria ser implementado em todas as escolas e desde bem cedo, pois ajudaria a dar sequência para que quando os alunos saíssem da escola, realmente a bagagem fosse bem robusta para que eles conseguissem seguir com mais facilidade os caminhos que pretendem trilhar.”

Angelita Vargas Kolmar, Mestre e doutoranda em Educação, é professora da rede de educação de São Lourenço do Sul (RS) e participa do Programa Boas Práticas de Empreendedorismo para Educação do Instituto Crescer Legal de 2023. Possui licenciaturas em Pedagogia, Letras Espanhol e suas Literaturas, História, Geografia, Filosofia e Sociologia, e Letras Inglês e Português. Também tem pós-graduações em Metodologia do Ensino da Língua Inglesa, Ensino da Língua Espanhola, Gestão, Supervisão e Orientação Educacional, Educação a Distância: Gestão e Tutoria, Psicologia Positiva e Coaching, Coaching Educacional, Psicologia Educacional e MBA em Coaching e Gestão por Competências.

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