
“Participo do programa Nós por Elas há três anos e percebo que o processo é muito virtuoso, talvez até mais rico do que o produto, que são os programas de rádio e a veiculação. As discussões e a produção auxiliam na construção da capacidade de crítica, para que as meninas participantes desenvolvam a consciência e a sua potencialidade reflexiva para melhorar o mundo. Noto que, durante os processos de produção de textos e de construção de narrativas, elas se desenvolvem vertiginosamente, tanto nas questões de comunicação como da reflexão sobre isso, na medida em que elas estão pesquisando, construindo roteiros e gravando os programas de rádio. Nesse sentido, a contribuição da Unisc é fundamental, inclusive pela possibilidade de trazer para as meninas a possibilidade mais concreta de conhecer a própria universidade e de entender que os processos educacionais não se encerram nos meios tradicionais e podem, sim, avançar para estudos de nível superior.
Percebo também que a discussão dos problemas abordados são essenciais e os debates são fomentados pelos educadores de uma maneira muito positiva porque quando essas discussões encontram a concretude de um produto que possa ser disseminado, ser explorado de uma maneira mais ampla, acabam tendo um valor muito maior por causa da multiplicação desse conhecimento que tem a ver com o universo feminino e, particularmente, com o universo feminino rural. Então, pensar sobre produzir coisas a respeito disso, fazer reflexões e buscar referências vai capacitando para um olhar mais crítico e atitudes mais críticas no dia a dia e também em relação à potencialidade de liderar movimentos que sejam de conscientização de crescimento das comunidades rurais.”
Alexandre Borges, professor-doutor em Comunicação e professor da Unisc há 18 anos. Atualmente, é o coordenador, pela Unisc, na parceria com o Instituto Crescer Legal que viabiliza o programa Nós por Elas – A voz feminina do campo.